sábado, 29 de setembro de 2018

OLHE BEM ESSE ROSTO...

Esse rosto irá representar uma das supremas faces da loucura. E, em breve, estará em um cinema bem próximo de você.

Esse é Joaquim Phoenix, 43 anos. 

Um dos melhores atores da atual geração de Hollywood. 

E ele topou se tornar a próxima encarnação do Coringa - o eterno arqui-inimigo do super herói Batman - na nova adaptação desse personagem para o cinema.

O filme deve contar a origem do vilão e retratá-lo em alguma trama fantástica de violência e transgressão na sombria Gotham City.

Há que se ponderar aqui sobre algumas coisas que nos levam a questionar por que, agora, o cinemão comercial está entrando nessa onda: se cansaram de fazer filmes de heróis, e agora a tendência e fazer filmes solo dos vilõesVide a recente incursão do Venom, inimigo do Homem-Aranha, nas telonas.

O buraco é bem mais embaixo do que se pensa... E pra pular dentro dele, nem é preciso entrar na lisérgica toca do coelho branco - como a inocente Alice, na obra Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol. Não.

A toca já está em você. Ela está dentro de todos nós.

Esse cara é loucão. E ainda vai aprontar muito... (J. Phoenix, caracterizado como Coringa)


A estressante loucura do cotidiano

O que nos fascina nos vilões é sua pretensa desamarra de valores morais e éticos.

Estamos vivendo em um mundo cada vez mais repressor, opressor, e socialmente punitivo mediante as lentes ampliadoras do politicamente correto, que refratam ideias e comentários nas redes sociais dominantes.

Chega-se ao ponto de vigiar o que o outro fala ou exibe através de postagens.

Isso é doentio. Representa um dos traços da sociopatia moderna disseminada no clima de patrulhamento em que a raça humana se acostumou a viver, cada vez mais refém da falta de privacidade do ser.

Privacidade essa reduzida pelas nossas exageradas exposições à visualização virtual.

Portanto, ver em qualquer obra artística os insanos e dementes que refletem atitudes libertárias, relacionadas ao caos e à anarquia, reacende no imaginário coletivo a antiga chama da selvageria primitiva. Do rompimento com os grilhões do que é "certinho" e "aceitável".

E ninguém melhor que o Coringa para representar isso! - um autodenominado agente do caos, como ficou bem exposto naquela que talvez tenha sido a melhor obra a retratar o palhaço psicótico, Batman - O Cavaleiro das Trevas, filme de 2008 de Christopher Nolan, para mim, talvez o melhor filme de herói já feito até hoje. 

Ali, o papel coube ao já falecido Heath Ledger, que chegou a ganhar um Oscar póstumo de melhor ator pela sua brilhante atuação - difícil superar a sua visão altamente realista e assustadora da personalidade deformada do Coringa. Tarefa que cabe, agora, a Joaquim Phoenix: um ator que, aliás, tem todo o cacife para nos oferecer uma outra ótica emocional da loucura do vilão. Esperemos para conferir.

Mas tudo se resume, simplesmente, a isso. A nossa loucura de libertação individual se opondo à loucura da opressão coletiva e social.

Bandidão de cinema pode ser o que nós não somos, e acaba sendo uma válvula de escape da nossa realidade sufocante.

Como toda boa arte, aliás, costuma ser.

Em 2008, o palhaço louco foi representado pelo excelente Heath Ledger


Enquanto isso, nas séries da Netflix...


Terminando hoje de ver a mais recente temporada da série da Marvel, Iron Fist (Punho de Ferro), na Netflix.

Foram 10 episódios contando as novas peripécias do mestre das artes marciais Danny Rand, o "imortal e lendário Punho de Ferro do Templo de K'un Lun", e que conseguiram ser melhor construídas nessa última empreitada dele do que na primeira temporada, que foi criticada por muitos ao retratar o herói como um carinha bem mais imaturo e inseguro do que o clássico personagem dos quadrinhos.

Mesmo assim, a meu ver, a série ainda deixou um tanto a desejar.

Não posso dizer que não rolou uma certa decepção.

Olha só, o problema é que, ao passo que na telona do cinema, a Marvel consegue desenvolver muito bem as suas tramas e personagens, com abordagens concisas e roteiros bem amarrados, repletos de um tom épico e impactante, já nas séries que ela tem desenvolvido no canal de streaming, a coisa tem hora que fica se arrastando e acaba virando um novelão.

É isso aí - senti um clima de novelão.

Danny, seu oponente Davos, e mais um tanto de personagens secundários da trama ficam imersos numa divagação filosófica de kung-fu de boteco, que tem hora que é difícil de aturar.

Abre mais uma, garçom! Que esse episódio tá demorando pra chegar ao fim...

Aff...

Se eu quisesse assistir novela, ia pra Globo ou pra Record, caramba. Ninguém mais tem saco pra isso. 

Tem episódio que é muito papo e pouca ação. E de enrolação, a gente já anda cheio, né?

Mês que vem, a Netflix solta a terceira temporada de Daredevil (O Demolidor).

E vamos ver se, com a peleja do advogado ceguinho e lutador Matt Murdock, a coisa dá uma melhorada.

Iron Fist - o Punho de Ferro nos quadrinhos

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