quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

FUTILIDADE E VULGARIDADE NAS REDES SOCIAIS


Nos últimos dias, um jovem casal de atores de uma famosa emissora de televisão teve um problema conjugal e doméstico devassado pelo aparelho midiático da fofoca, com o uso intenso do rastilho de pólvora das redes sociais.

O caso é, em sua essência, um dilema particular e delicado, que deveria envolver tão somente as partes envolvidas, no íntimo de seus relacionamentos.

Mas, por se tratarem de pessoas públicas, com um elevado grau de exposição na mídia, a coisa tomou rumos totalmente inesperados, e se tornou um verdadeiro espetáculo de dimensões ampliadas, no grande circo das tristes fogueiras da vaidade e inveja humanas.

A imprensa marrom quer simplesmente fazer dinheiro com a desgraça alheia. Sempre foi assim.

O que é simplesmente inacreditável é a própria passividade com que as figuras no processo todo aceitam o que está acontecendo. Gente, isso é danos morais!

Existem situações que são da alçada da vida particular dos indivíduos - e devem ser tratadas como tal. Mas o uso constante e desmedido de redes sociais tem apagado essa percepção e sensibilidade do que é "foro íntimo", nos dias que seguem.

E aí tudo vira um tremendo caldeirão de briga e fofoca, que fica difícil de contornar.

Se tem político por aí utilizando a torto e a direito redes sociais para fazer propaganda e "bravataiada", e gerando até crise governamental com isso, ok. Problema deles, isso é uma coisa. Mas problema particular, lances dos relacionamentos das pessoas? Isso é outra, totalmente diferente.

Whatsapp, Facebook e Twitter parecem ter se tornado uma extensão natural da maldosa língua humana.

E a sanha em espalhar intrigas, inverdades (as já célebres fake news) e bochichos nessas redes já se tornou fato corriqueiro. 

Faz tempo já que eu apaguei minha conta do Facebook, com seus inbox de cobra peçonhenta e congêneres, porque não aguentava mais tanta baboseira, tantas fotos, vídeos e comentários com baixaria, e não sinto falta nenhuma disso! Instagram e Twitter? Uso só um pouquinho, quase nada, e olha lá. Melhor também manter a distância, em certas situações.

Ando igualando rede social a bebida - para as duas, vale a máxima: "use com moderação".

As pessoas estão perdendo o senso da realidade ao transferirem para as redes sociais comportamentos horrorosos e ocultos de suas personalidades.

Conheço muita gente que já foi (e ainda é) vítima de calúnia e difamação no meio digital. Muitos ainda serão. Tenho uma estimativa de que, daqui até 2022, mais de 3,8 bilhões de pessoas serão vítimas de crimes eletrônicos contra a honra também - ou seja, praticamente metade da população mundial.

O que dificulta muito a penalização de tais ilícitos, em nosso Brasilzão, ainda é a morosidade e a extrema dificuldade de se modernizar os processos de imputação a tais ofensas.

Para se ter uma ideia, numa ação de danos morais, ainda demora cerca de 30 dias (no mínimo) para conseguir uma liminar no Poder Judiciário contra qualquer operadora no país, para quebra do sigilo de dados. Isso quer dizer que, pra identificar o IP (endereço de rede) do computador ou celular de onde saiu a ofensa a outrem, ainda é osso. Nesse ínterim, já deu tempo do fulano sumir com o equipamento que utilizou, destruir a rede do lugar onde estava disparando veneno, e até se pirulitar pra China se quiser!

Se a coisa então foi feita com uma maior elaboração, utilizando redes mascaradas ou com recursos da deep web, aí lascou mesmo, pode desistir. 

A Polícia Federal continua sendo o único órgão com a expertise pra lidar com isso - portanto, se a ofensa contra a tua honra não se caracterizar criminalmente como tendo atravessado fronteiras estaduais, esquece.

Nesse palco tenebroso de uma terra cibernética e meio sem lei em que nos encontramos, seja o mais "santinho" que puder - seja lá o que isso ainda signifique.

Mesmo assim, é perigoso ainda falarem de você, por estar se recusando a entrar na dança.

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